Docentes negros da Ufba lançam manifesto em apoio à professora que teve convocação impedida pela Justiça

  • 04/09/2024
(Foto: Reprodução)
Primeira colocada na classificação geral ingressou com ação na Justiça para garantir que fosse nomeada. Decisão judicial contestou aplicação da Lei de Cotas no concurso. Campus da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em Ondina, Salvador Divulgação/UFBA Mais de 80 professores negros da Universidade Federal da Bahia (Ufba) lançaram um manifesto em defesa das políticas de ação afirmativa e em solidariedade à otorrinolaringologista Lorena Pinheiro Figueiredo. A profissional foi impedida pela Justiça de ser nomeada como professora adjunta da instituição. Aprovada pela Lei de Cotas, Lorena Pinheiro chegou a ser homologada como primeira colocada do concurso para docentes, mas uma decisão liminar obrigou a instituição a nomear outra candidata, aprovada em primeiro lugar na ampla concorrência. O caso ganhou repercussão na última semana, quando a médica usou as redes sociais para compartilhar sua história. Os 85 dos 2.749 docentes assinaram um documento em que expressaram preocupação em relação ao recente episódio envolvendo as políticas de ação afirmativa da instituição e cobraram uma resposta firme e resolutiva por parte da administração universitária. Entenda disputa judicial por vaga em concurso da Ufba; liminar impediu nomeação de professora negra em curso de Medicina Os professores afirmaram que a situação de Lorena Pinheiro não pode ser considerado como um problema isolado ou uma questão pessoal de uma candidata. "Essa é uma perspectiva que distorce o real significado das políticas de ação afirmativa, que representam um compromisso institucional da Universidade com a inclusão de pessoas negras e a promoção da diversidade", diz parte do manifesto. O grupo cobrou também: 👉 Adoção de medidas legais necessárias para garantir a autonomia universitária. 👉 Ampliação da diversidade dos quadros institucionais da Ufba. 👉 Posse de Lorena Pinheiro Figueiredo, interpelando a sentença judicial como um ataque à construção de uma Universidade verdadeiramente pública, democrática, de qualidade e socialmente referenciada. 👉 Implementação de processos mais robustos para acompanhar a execução das políticas de ação afirmativa. 👉 Criação de uma comissão de monitoramento, com carga horária dedicada a docentes e servidores técnico-administrativos, para formar um observatório que garanta a consistência na aplicação dos critérios de reservas de vagas nos concursos públicos e a defesa irrevogável dos parâmetros legais estabelecidos. Entenda abaixo a disputa Médica Lorena Pinheiro briga na justiça para assumir vaga em concurso na Ufba Reprodução/ Redes Sociais 👉 O concurso teve início em dezembro de 2023 (Edital n. 01/2023), com a oferta de 30 vagas para 28 áreas do conhecimento. 👉 Apenas uma vaga foi disponibilizada para o departamento de Cirurgia Experimental e Especialidades Cirúrgicas, que tem a Otorrinolaringologia como área de conhecimento. 👉 Com a greve da instituição, a última etapa — a banca de heteroidentificação — foi realizada em julho deste ano. 👉 O resultado homologado e publicado no Diário Oficial da União indicou Lorena Pinheiro Figueiredo como vencedora do concurso. Ela foi a quarta colocada na classificação geral e primeira na classificação para negros. O resultado já indicava que a vaga deveria ser "preferencialmente ocupada por candidato autodeclarado negro", conforme previsto no edital e com base na Lei de Cotas. 👉 Enquanto a universidade conduzia os trâmites para a conclusão do processo, a outra candidata ingressou com um mandado de segurança contra a nomeação de Lorena. 👉 Em 21 de agosto, a juíza Arali Maciel Duarte, da 1º Vara, deferiu uma liminar obrigando a Ufba a convocar a reclamante. Com a repercussão, a Ufba se pronunciou no domingo (1º), ressaltando a determinação judicial para que "convoque a impetrante [da ação]" e se abstenha de "convocar e nomear candidatos cotistas para a vaga disputada". Diante disso, a universidade afirma que pretende recorrer da decisão. Ao g1, o professor Rodrigo Rossoni, marido de Lorena, disse que também já entrou com recurso. Como a decisão em favor da outra candidata foi tomada em caráter de urgência, sem ouvir as partes, o caso deverá ser julgado por um juiz federal, seguindo todo o trâmite, com a produção de provas e coleta de depoimentos. Aplicação da Lei de Cotas Justiça impede convocação de professora negra e obriga Ufba a convocar primeira candidata A Ufba explicou que passou a cumprir a Lei de Cotas considerando a totalidade de vagas, e não qualquer fracionamento por especialidades ou áreas a partir de 2018. Antes disso, a regra era aplicada somente nas áreas com o mínimo de três vagas disponíveis. "No caso dos concursos para professor do magistério superior das universidades federais, como as vagas por cada área do conhecimento são, em geral, inferiores a três, a aplicação da lei não era possível, inviabilizando, na prática, a política afirmativa de inclusão, objetivo da Lei de Cotas", explicou a instituição. Com isso, a universidade tomou como referência a relatoria do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), na Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC 41/DF). Na ocasião, o magistrado entendeu que os órgãos de Estado não devem utilizar a divisão de vagas por especialidade como justificativa para a não aplicação da reserva. Pelo contrário, ele defendeu que os setores públicos deveriam buscar formas mais benéficas para atingir a finalidade da legislação. Datafolha: 83% apoiam cotas em universidades federais; critério racial divide opinião Em meio a essa discussão, o g1 ouviu o advogado Jonata William, presidente da Comissão da Advocacia Negra da Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Bahia (OAB-BA), que reforçou a constitucionalidade da posição adotada pela instituição de ensino. "A Ufba e outras instituições determinaram que a forma mais prática de você fazer a aplicação da reserva das vagas era pegar o número global de um edital, fazer a lista separada com a reserva de vagas, nomear os cotistas e depois preencher o restante com a ampla concorrência", pontuou, esclarecendo que esse entendimento é replicado por outros órgãos. Para Jonata, a decisão contra a nomeação de Lorena é um retrocesso. Ele afirma que estudos científicos já demonstraram que a setorização nos editais foi usada como instrumento para fraudar a lei. "Tem uma tese de doutorado de uma pesquisadora chamada Vanessa da Palma, no Mato Grosso do Sul, que fez um estudo sobre os concursos da docência para pessoas negras. Ela apontou essa estratégia, que quando se faz o tracionamento das vagas, haveria, na realidade, um esvaziamento das políticas afirmativas". Na contramão disso, a Ufba afirma que tem buscado reforçar a medida em seus editais. A regra seguida é: depois de aprovado, o candidato autodeclarado negro mais bem classificado em sua área de conhecimento é reclassificado em lista única, de acordo com a sua nota final, e ocupará a vaga imediata em sua área de conhecimento, ainda que esta seja única e a sua ordem na classificação não lhe garanta a primeira posição geral. A universidade defende que tal postura a coloca em "permanente defesa da democracia e da justiça". Veja mais notícias do estado no g1 Bahia. Assista aos vídeos do g1 e TV Bahia 💻

FONTE: https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/2024/09/04/professores-negros-da-ufba-lancam-manifesto-em-apoio-a-professora-que-teve-convocacao-impedida-pela-justica.ghtml


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