'Nunca senti confiança em falar': o relato de uma vítima de abuso na infância

  • 18/05/2025
O Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual Infantil é neste domingo (18). No Brasil, são mais de 115 mil vítimas por ano, segundo o Atlas da Violência 2025. "Naquele momento, ali enquanto eu era criança, eu nunca senti nenhuma confiança com as outras pessoas, que eu pudesse falar sobre isso". "Isso" a que a artista Georgia Bergamim se refere é o abuso sexual que sofreu dentro da própria casa na infância — hoje ela tem 34 anos. Georgia contou a história dela em entrevista ao podcast O Assunto da sexta-feira (16). Ouça no player acima a partir de 11:53. O Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual Infantil é neste domingo (18). No Brasil, são mais de 115 mil vítimas por ano, segundo o Atlas da Violência 2025, divulgado pelo Ipea e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. AVISO: Este texto tem relato de abuso. Se você ou alguém que você conhece sofre ou sofreu abuso, denuncie pelo Disque 100, de forma anônima. "Eu acho que tinham muitos sinais que eu apresentava, mas que ninguém sabia ler." Segundo Georgia, as pessoas a viam como rebelde e esquisita. Ela teve a história contada no documentário "Apesar de". "Com 11 anos eu tentei me suicidar, tirar minha vida e todo mundo ficou contra mim. Aquilo também foi para mim uma certeza do tipo 'ah, eu estou sozinha mesmo e não adianta eu falar nada, se eu for falar qualquer coisa ninguém vai acreditar'." Abusos em casa O abusador era o padrasto de Georgia. No documentário, ela revela que a violência muitas vezes acontecia até quando a sua mãe estava em casa. "Ele tinha muita certeza da impunidade e da manipulação que ele tinha em relação à minha mãe. Ele sabia que a minha mãe era muito dependente dele em vários aspectos e o quanto ele tinha o poder de manipular ela pelas questões de vulnerabilidade que ela tinha." Georgia conta que a mãe vivia sobrecarregada, cuidando de outra filha, menor, e da própria mãe, que era doente. "Minha mãe lavava a roupa no tanque e ele na sala fazendo alguma coisa que ele sabia que ela não ia pra lá. Eu tenho memórias de ela estar muito perto e eu também não falar nada porque ele fazia muitas ameaças." O homem morreu sem nunca ter denunciado e punido. Redescoberta do corpo na arte O nome do documentário, "Apesar de", foi escolhido para mostrar que a violência que Georgia sofreu não a define. Contorcionista, Georgia descobriu no circo uma forma de autoconhecimento e até de cura. "Eu olhei para toda a minha vida e falei 'olha tudo que eu já fiz, todo o sucesso, todas as coisas que eu fiz no circo, em tudo'. [...] Uma vez eu vi uma frase que era assim 'você não é o que aconteceu com você' e isso ficou muito registrado para mim. E eu coloquei como um lema da minha vida." "Não importa o que aconteceu lá, o que ele fez para mim, o quão grande isso era. Eu tinha tantas potências, eu tinha que fazer a minha vida ficar tão boa, tão valiosa, tão grandiosa, tão feliz que aquilo virasse nada. Que aquilo virasse uma coisinha muito pequena diante de toda a vida que eu poderia ter, de toda a vida que eu já tive e de tudo que eu sou." Georgia fez do circo a sua profissão, como contorcionista. Ganhou uma bolsa de estudos, viu oportunidades se abrirem e redescobriu o próprio corpo, com mais carinho, como ela mesma conta. "O processo do corpo no circo que foi uma coisa que me chamou muito a atenção no início, quando eu vi as primeiras vezes que as pessoas eram muito bem relacionadas com o corpo, tanto delas quanto das outras pessoas." "As pessoas se encostam, elas se ajudam, elas fazem coisas com acrobacia, que todo mundo se encosta e que aquilo não tinha nenhuma conotação sexual, não tinha nenhuma maldade, era algo muito natural naquele meio." O relato de uma vítima de abuso Ouça a íntegra do episódio para ouvir o relato completo de Georgia. O que você precisa saber: ABUSO CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES: Como identificar os sinais Em 10 anos, crescem os ataques contra crianças e adolescentes no Brasil INFÂNCIA DESPEDAÇADA: Falta de provas e subnotificação de abusos levam a impunidade O Assunto é o podcast diário produzido pelo g1, disponível em todas as plataformas de áudio e no YouTube. Desde a estreia, em agosto de 2019, o podcast O Assunto soma mais de 161 milhões de downloads em todas as plataformas de áudio. No YouTube, o podcast diário do g1 soma mais de 12,4 milhões de visualizações.

FONTE: https://g1.globo.com/podcast/o-assunto/noticia/2025/05/18/nunca-senti-confianca-em-falar-o-relato-de-uma-vitima-de-abuso-na-infancia.ghtml


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